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sábado, janeiro 29, 2005

Geopolítica 

Pééééééééé (campainha da sede nova da IC tocando)

Cláudia atende: pois não?

Senhora parada em frente a porta, na calçadinha, pergunta: a senhora precisa de faxineira?

Cláudia responde: não, obrigada, já temos uma.

Senhora, dona da situação: é o seguinte, há muitos anos que toda quinta-feira eu faço faxina nesta casa daí e eu quero continuar fazendo, está bem? Então, se a faxineira da senhora sair, quem tem de vir limpar a casa sou eu, porque eu tenho mais direito.

Cláudia, pra despachar: não se preocupe, assim que ela sair, eu mando avisá-la.

Alguém já tinha ouvido falar em geopolítica e reserva de mercado da faxina? Eu não.

Detalhe importante: o papo foi todo permeado por uma faxina caprichada feita pela tal senhora, em ambas narinas, cujos catotos foram devidamente descartados na calçadinha no decorrer da conversa.


Bota, biquini e costeiro 

O título deste post é a fantasia que todo carnaval eu digo que vestirei no próximo ano, porque afirmo sempre que no carnaval seguinte meu regime vai dar certo e eu estarei apta a sair na avenida fantasiada assim: só de bota, biquini e costeiro.

Claro que entra carnaval, sai carnaval, e eu continuo na eterna batalha de não permitir que a curva do bumbum se junte com a curva do joelho. E nada de poder entrar numa fantasia assim tão ínfima.

A menos que o enredo seja "As maravilhas dos sete mares". Porque aí eu posso usar um biquini preto e branco e sair fantasiada de baleia orca.

Maluquices 

Outro dia, conversando com um amigo, discutíamos o fato de que são os malucos que movem o mundo, e que cada dia o mundo tem menos espaço para esses malucos desenvolverem sua genialidade.
Porque isso leva tempo. Porque para isso não se pode ter metas a cumprir, valores a atingir, resultados a curto prazo a se alcançar. Nem contas no final do mês para pagar.
O chamado ócio é cada vez mais condenado socialmente. Estamos sempre sendo obrigados a fazer alguma coisa. "O que você fez no final de semana?" "Nada" "Nada?" Este último nada pode ser traduzido por "coitada, ficou sozinha, não tinha companhia, que porcaria de final de semana!", quando na verdade significa: eu me dei o direito de fazer absolutamente coisa alguma, de não olhar para o relógio, de não ter horário, de ficar de barriga pra cima, pensando na vida, pensando nas minhas coisas, pensando em nada de especial.
É quando estou relaxada que vêm minhas melhores idéias. É quando estou passeando sem objetivo pelo shopping que me inspiro para os detalhes dos uniformes feitos na minha confecção.
É quando estou andando de bicicleta que me lembro de várias coisas que passaram batido na correria do dia-a-dia.
É quando, aparentemente, estou fazendo nada.


Tão triste... 

Meu trabalho faz com que eu tenha de andar muito pela cidade. Rodo tanto que se algum dia desistir de ser dona de confecção, vou ser taxista ou motorista de turista.

Uma das minhas rotas habituais é a Santo Amaro-Braz. E fico cada dia mais entristecida em ver a situação em que São Paulo se encontra. As ruas parecem a superfície da lua, cheia de crateras. Com as chuvas dos últimos 365 dias (porque chove o tempo todo, todos os dias, há nem sei quanto tempo), bairros arborizados se tranformaram num lamaçal só, além das árvores podres caídas no meio da rua que felizmente ainda não estão caindo em cima das pessoas e dos animais.

Placas de sinalização indicando os bairros tão imundas que nem se consegue lê-las. Semáforos mal sincronizados. Juntando tudo isso, o cenário é de uma cidade descuidada, nem parece a metrópole rica que é.

Estava lendo a entrevista de um urbanista - acho eu, que afirma que, tapando os buracos, limpando as placas e sincronizando os sinais de trânsito, os engarrafamentos encolheriam ao menos 20%. Não é pouco benefício, e será assim tanto sacrifício? Tão fácil construir uma ponte, um túnel ou dois, tão difícil mandar lavar as placas, tapar os buracos...

Dirigir pelas ruas de São Paulo tem-se tornado cada dia mais estressante. Não sei se me preocupo com os assaltos ou se olho pro chão procurando os buracos, ou pra frente pra não passar por cima de alguém. Melhor mesmo é trocar meu carro por um jipão e participar do Paris-Dacar. Ao menos arrisco-me a ganhar um prêmio no final do percurso, e não uma suspensão avariada.



terça-feira, janeiro 25, 2005

Sob efeito do álcool 

"Homem é igual pacote turístico, a gente não pode ler as letrinhas miúdas senão não viaja."

"O melhor de ir a um enterro é que você pode chorar bastante que todo mundo pensa que é por causa do defunto."

"De noite, eu rondo a cidade, a te procurar..."

segunda-feira, janeiro 24, 2005

No pique da bateria 

Meu final de semana foi bem jururu, até porque eu tava bem jururu, chateada, então nem tinha como ser animado mesmo.
No domingo à noite, fui para o ensaio da escola de samba Vila Maria, na quadra da escola. E como a Lala já afirmou em outros posts, não há baixo astral que resista ao som da bateria bombando no ouvido, à empolgação da galera, à coreografia do enredo.
Sexta tem da Vai Vai, no Sambódromo, que é ainda mais legal do que ensaio na quadra!
Sem contar a comissão de frente da Vai Vai, escolhida a dedo (mais uma vez citando a Lala, pena que não foi o MEU dedo que escolheu...)

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Instinto animal 

As autoridades que cuidam da fauna no Sri Lanka anunciaram que, apesar da perda de milhares de vidas humanas no maremoto que atingiu o sul da Ásia, não há registro de mortes entre animais. (...) (Fonte BBC, Londres 12/04)

Não é religião ou ciência. Talvez ambos ou nenhum. O fato é que os animais do sul da Ásia perceberam a aproximação do maremoto e tiveram tempo para se abrigarem nas regiões altas da ilha. Segundos cientistas que trabalham em ilhas ao redor de Sri Lanka, os animais sensíveis e atentos às mudanças entenderam os vários sinais da natureza (diferentes vibrações, mudanças na pressão do ar, revoada de pássaros etc).

Perdemos o tato, o olfato, o paladar apurado e nos tornamos mais cegos. Falta jeito para endenter o tempo (minha avó sempre sabia quando ia chover), o amigo, o filho... Nos engrandecemos com os livros e endurecemos nossos instintos agora extintos.

Para nos colocar exatamente em nosso devido lugar, a mesma nota da BBC completa (...) “pesquisas sobre o comportamento animal, poderiam mais tarde levar ao uso de animais como um sistema de alerta para seres humanos.”

E depois nós somos a raça evoluída.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Hoje 

O dia já começou mais triste.

Perdeu a graça 

9 entre 10 comedores de jujuba fazem o mesmo que eu: separam as vermelhas pra comer no final, porque são as mais gostosas - já dizia a filósofa Vanessa Williams: save the best for last.

Aí tiveram uma idéia brilhante: fazer um pacote de jujubas só com as jujubinhas vermelhas!

Qual a graça de comprar um pacote só com as vermelhas? Tudo igual... e a emoção de comer a amarela e a laranja antes, pra vermelha ter um gostinho especial?

Eu que não compro um pacote só com as vermelhas, coisa mais xoxa...

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A IC se mudou! 

Ainda estamos às voltas com as arrumações e instalações, mas a IC definitivamente mudou de endereço!
E pra ficar no espírito santamarense, no meu pedacinho de rua (que é uma vicinal de uma avenida enorrrrrme, então ficou sendo uma ruazinha estreita e com alguns números apenas) tem um cão de guarda.
Vira-lata, com direito a casinha escrito GUARDA na frente e SEGURANÇA atrás. Uma verdadeira fera que fica na entradinha da casa onde jogam-se búzios e tarô, do ladinho da sex shop e de tudo o mais que tem por ali.

As novidades não param por aí! Na nova sede do aglomerado IC, já temos relógio de ponto, e teremos um PABX!
E, pasmem!... um circuito interno de TV integrando as várias áreas da confecção, pra aumetnar a segurança do lugar.
E já já, um letreiro com o nosso logo, tô podeiiiinnnndo?

Tô tão metida que nem eu tô me agüentando...


domingo, janeiro 16, 2005

Maldade 

A cada dia me surpreendo em saber que a maldade humana não conhece limites.

sábado, janeiro 15, 2005

No Pancadão da próxima quarta 

Amiga 1: - vamos ao Pancadão com a gente, vai!
Amiga 2: - não, de jeito nenhum, não curto a música, nem o ambiente, vai estar cheio de gente fumando, maior abafado, vou não.
Amiga 3: - amiga 1, como vai ser seu figurino?
Amiga 1: - vou de microssaia, micro top, e sandalião.
Amiga 3: - nossa, a homarada vai cair matando!
Amiga 1 vira-se para amiga 2 e manda a bomba: - Você bem que podia ir com a gente, né? Assim ficava dançando ali atrás de mim e espantava quem quisesse chegar perto.

Com uma amiga dessas, quem precisa de inimigos????????????????

quinta-feira, janeiro 13, 2005

A IC tá se mudando... 

... e eu tô enlouquecendo, com tanta coisa pra encaixotar, tanta coisa pra arrumar, tanta coisa pra desmontar, papelada pra controlar, clientes pra atender, encomendas pra desembaraçar!

Socoooooooorroooooo!!!!!!!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

A IC vai se mudar! 

Comunico a todos os bobianos e bobiados que o amontoado de empresas IC Artigos Promocionais e Uniformes e IC Promoções e Eventos passará a ser um conglomerado (COISA CHIQUE!) com nova sede a partir da semana que vem.

É isso mesmo, galera do Bóbis: minha confecção vai mudar de endereço. Continuaremos aqui no Mundo Maravilhoso de Santo Amaro, só que na parte menos maravilhosa, ou seja, mais nobre, do bairro, o Alto da Boa Vista.

Ficaremos em uma avenida principal, com direito a letreiro e tudo no futuro. Numa rua arborizada, num bairro arborizado, na zona comercial. Temos atualmente como vizinhos um sebo de livros, uma pet shop, vários restaurantes, consultórios médicos e, pasmem, uma sex shop!

Preparamo-nos então para dar adeus ao nosso cantinho. Não mais teremos a bicicletinha do pão buzinando pela manhã e à tarde. Não mais teremos o portão que emperra e cai no nosso pé, nem a calha de chuva que desemboca exatamente no portãozinho de entrada de pedestres. Nem o sapo que todos os dias vem dormir sob o vaso de plantas do canteiro (bem, podemos encaixotá-lo e levá-lo conosco, né?). Nem o homem da Kombi do queijo, nem o videokê da Cantina do Tigrão, nem o fervidíssimo jogo de futebol aos sábados, quando as torcidas Farra Azul e Demônio Branco se enfrentam nas arquibancadas do campinho de várzea da esquina.

Em compensação, o Rafael não vai mais silkar as camisetas na cozinha, e teremos um escritório sem ter de tropeçar nas coisas ensacadas pelo chão. As costureiras poderão ficar melhor acomodadas e a casa é tão mais espaçosa que precisaremos de interfones para nos comunicar. E termos relógio de ponto. Além de um atendimento ao cliente sob forma de lojinha!, o que nos permitirá captar escolas que não tenham ponto de venda.

Enfim, é o meu bebê crescendo, e estou curtindo muito esta nova fase da minha empresa!

terça-feira, janeiro 11, 2005

Me chama 

Chove lá fora e aqui
faz tanto frio
me dá vontade de saber
aonde está você?
Me telefona
Me chama, me chama, me chama

Nem sempre se vê
mágica no absurdo

Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
e a noite fica sem porquê
aonde está você?
Me telefona
Me chama, me chama, me chama

Nem sempre se vê
lágrimas no escuro.

Emprestei compulsoriamente do Lobão. Tudo a ver comigo nesta tarde paulistana chuvosa.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Sonho de uma noite de verão 

Tive um dos melhores finais de semana dos últimos tempos. Aliás, acho que posso encaixar na categoria de um dos melhores da minha vida. Em Brasília.

Fiz coisas que nunca tinha feito antes, conheci pessoas novas, algumas bem legais, outras chatérrimas de carteirinha. Outros lugares. Passei por lugares conhecidos que nunca mais tinha voltado, revi a paisagem de cartão postal da Esplanada dos Ministérios com o dia amanhecendo, e fui ver um filme no antiquíssimo cine Márcia, um dos poucos remanescentes, senão o único, dos cinemas que existiam quando eu era adolescente e nem sonhava com Cinemark.

E me reencontrei com meu passado, que foi a melhor parte de tudo isso. Um sonho, uma delícia com dia e hora marcados pra terminar e por isso tão intenso.

Agora, tenho de administrar a saudade e a falta dele, e saber que não o verei no final do dia porque está agora a mil quilômetros de distância de mim, mas tentar não sofrer com isso. Como ele mesmo me disse, ainda citando Shakespeare, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional.

De forma alguma eu pretendo deixar que a lembrança de uns dias tão bons seja sobrepujada pela saudade que já começo a sentir.


quinta-feira, janeiro 06, 2005

Bóbis em festa! 

A Lala chega hoje depois de um mês inteiro de viagem, pra colocar o papo em dia!

quarta-feira, janeiro 05, 2005

O bicho de sete cabeças 

A fragilidade humana.
A brutalidade humana.
A vida no fio da navalha.
Tudo que podia ser e nunca mais será.
A mente exposta.

...

A carapaça e a vida vivida do avesso.

O bicho de sete cabeças, bela obra horrenda.

A vida com um gato (bicho, bem entendido) 

A pedido do Paulo, nosso amigo bobiado, segue um post sobre a vida com um gato dentro de casa.

Começa que gato é que nem gente, cada um com sua personalidade. Eu tenho uma siamesa, a Aninha, e antes dela tive outra siamesinha, a Sofia, que morreu caindo da janela porque adorava ficar no parapeito. Já a atual, nem chega perto, morre de medo.

Ter um gato é ter um bicho de estimação muito peculiar. Os gatos são sim, mais independentes do que os cachorros e dão menos trabalho, pois aceitam melhor a solidão. Numas, porque já contei da Aninha e sua carência afetiva insaciável, mas em linhas gerais, é um bicho independente sim.

Independente não quer dizer que é pouco amoroso. Gatos podem ser um grude, gostar da sua companhia, ficar no seu pé o tempo todo. E são umas gracinhas quando se aninham no seu colo, ou nos seus pés. Minha gata, quando bebê, gostava de dormir entre o pé da gente e o chinelo (sabe quando ficamos em pé e apoiamos o pé só na ponta, e fica aquele pedacinho de chinelo aparencendo? ali.). Já a Sofia, que morreu, toda tarde ia se deitar na caminha dela, lá no quartinho do fundo e não queria ser incomodada, ficava de mau humor.
Quando chego em casa, Aninha corre pra se jogar de barriga pra cima no tapetinho da entrada da sala, que ela interpreta como dela, e não se conforma se não fizer carinho nela. Quando a Socorro, a empregada, chega, se eu estiver em casa e for conversar com a Socorro, ela faz de tudo pra chamar a atenção dela. Afinal, pra ela, a Socorro, grande amor da vida dela, é só dela.

Se chego em casa sem a Isabela, que tá viajando, ela olha pra porta e pra mim, e fica miando, como se perguntasse cadê a Belinha?

Se fecho a porta do quarto, ela pula na maçaneta pra abrir. E bate com a patinha na chave quando quer sair.

Gatos são desprovidos de simancol. Não têm nem um pingo. E apesar de tachados de burros, são na verdade inteligentíssimos, porque só fazem o que querem. Fingem que não entendem o que você está se esgoelando em dizer pela enésima vez e continuam fazendo, até que vc se torna uma ameaça física, indo na direção deles com cara ameaçadora. Aí eles entendem rapidinho que é hora de dar no pé.

Eu poderia falar mil coisas sobre a convivência com um gato, mas aí o post ia ficar compriiiiiiiiiidoooooooooo.....

PS: se quer um gatinho, adote um abandonado pelo site www.adoteumgatinho.com.br. Cada um mais lindinho que o outro!

3, 2, 1... 

Contagem regressiva até sexta, quando estarei Em Algum Lugar do Passado.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Carência afetiva 

Viajei pro Rio de Janeiro no dia 31 de manhã cedinho e só voltei no dia 2, bem tarde da noite. Isso fez com que minha gatinha siamesa, a Aninha, ficasse 3 dias sozinha em casa.

Minha gata tem alma de cachorro: detesta ficar só, é apegadíssima às pessoas, vive no grude e se joga aos pés de quem chega em casa. Faz amizade na maior rapidez.

Então, desde que cheguei de volta, ando pela casa e ela se joga no meio do caminho, porque tem saudades, ficou sozinha, quer carinho e atenção o tempo todo, minha ou da Socorro, que trabalha aqui em casa que é um dos grandes amores da vida de Aninha.

A gente acha uma gracinha, claro, e se desmancha em carinhos, e coçadinhas na barriga, atrás das orelhas, pega a escova e penteia o pelinho dela, dá bife na boca, essas coisas pra agradar e fazer ela ficar contentinha e se sentir querida.

Fiquei pensando em como seria bom se nós, humanos, pudéssemos demonstrar nossa saudade e a falta que sentimos do outro com todo este desprendimento, e recebêssemos em troca apenas carinhos sem fim para que ficássemos de novo alegres, em vez de sermos tachados de pegajoso, carente, insistente, chato, sem auto-estima...

domingo, janeiro 02, 2005

Minha cidade 

Meu pai é militar do Exército. Por conta disso, mudei algumas vezes de cidade, e outras tantas depois que me casei (com um não-militar).

Para os padrões militares, foram poucas mudanças, apenas as obrigatórias. Nasci em Vitória, me mudei pra Niterói (RJ) com 3 anos de idade e morei lá até quase os 12, quando fui pra Brasília. Em Brasília, passei toda a adolescência e me mudei de lá aos 20 anos de idade, quando me casei. Meus pais, irmã e sobrinhos até hoje moram lá.

Com o casamento, fui para o Rio, em seguida pra São Paulo, onde moro até hoje, com um breve intervalo de um ano que passei em Lisboa.

Então, eu tenho uma visão muito diferente de "minha casa" e de "minha cidade" de alguém que tenha nascido e se criado em um único lugar. Aliás, para mim, estudar do pré ao terceiro ano no mesmo colégio é algo que não consigo conceber, uma experiência que não vivi.

São Paulo é a cidade onde mais tempo morei. Até hoje, quando volto de viagem e o avião pousa aqui, me sinto chegando em casa. O caos de Congonhas na volta do feriadão é como se fosse a sala da minha casa. O friozinho de sempre, o barulho da cidade, o ar com aquele cheirinho de poluição... Mal posso esperar pra chegar em casa. São Paulo é definitivamente minha casa e a cidade onde desejo continuar morando.

Tive um infância show em Niterói, numa época em que eu, com 11 anos de idade, ainda podia ir ao centro da cidade com uma amiga um ano mais velha pra procurar caderno pra escrever romances. Que podia voltar sozinha da aula de piano aos nove, brincar na rua, andar de bicicleta no jardim da igreja, esses pequenos prazeres infantis. E durante toda a minha infância e adolescência, ia passar férias no Espírito Santo, com tias, primos, avós, aquela festa que toda família faz pros parentes que moram longe e vão passar uns dias (muitos no nosso caso), ou seja, voltava para onde estava minha família.

Nenhuma cidade porém é tão minha cidade quanto Brasília. A resposta à pergunta "qual é a sua cidade?" é: Brasília. Quando mudei pra lá, era janeiro, época de chuvas e época em que a cidade ficava deserta. Na ocasião, começo dos anos 80, quase ninguém da minha idade era de lá, todo mundo vinha de algum lugar e a cidade era um caldeirão de culturas diferentes, sotaques, costumes vindos de todo lugar. Isso foi crucial para minha educação, para minha forma de ver o mundo, para formar minha opinião sobre lugares, pessoas, jeitos de viver.

É impossível morar em Brasília e não se apaixonar de alguma maneira pela cidade, desde que se mantenha o coração aberto para ela e sua aparência inicialmente esquisita. Aos forasteiros que dizem que em Brasília é tudo igual, respondo que, quem gosta mesmo de lá, identifica as quadras, aparentemente iguais, pelos detalhes, pela sensação de reconhecimento, e até pela forma com que o sol bate entre os prédios.

O céu do cerrado é inigualável, as nuvens têm uma forma peculiar, o por-do-sol merece aplausos, as noites limpas são tão intensamente estreladas que dá vontade de ter uma caminhonete, ir até um ponto isolado da cidade, na Ermida Dom Bosco, por exemplo, deitar na carroceria e ficar lá, de barriga pra cima, só olhando o céu e tentando contar as estrelinhas. E depois que mudei pra São Paulo, onde as estrelas infelizmente são tão raras, o céu de Brasília me deslumbra ainda mais.

Tudo isso, bobianos e bobiados, é saudades, sabe? Tudo porque não fui pra lá neste Natal, como sempre venho fazendo há 16 anos. Além da saudade da minha família, sinto saudades de ver a cidade de cima, o avião pousando, o comitê de recepção familiar no aeroporto, e todas essas pequenas coisas que já citei, que fazem de Brasília um lugar especial para mim.

A minha cidade.

Ano novo 

2005 já começou bem: três dias inteiros de sol, céu azul, praiona o dia todo.

Nada pra fazer a não ser lagartear ao sol, nada mais pra vestir além de biquini durante o dia e pijaminha durante a noite.

Acabou de acabar a vida boa. Cheguei em São Paulo, volto pro batente amanhã....


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